Editora: Suma de Letras
Ano de lançamento: ESP: 1999 – BRA: 2011
Título
original: Marina
Número de páginas: 190
Marina
chegou para mim junto com um pacote de seis livros do Carlos Ruiz Zafón, que conheci através de um amigo, após ele ter me
recomendado A Sombra do Vento. Dos
livros que recebi, não sei por que preferi ler primeiramente Marina; tudo o que sei é que imediatamente
me senti instigado a começar a lê-lo. Depois das 190 páginas do livro e de algumas
milhares de palavras, tudo o que sei é que não me arrependo de esta ter sido a
minha primeira obra lida do autor. Algumas dezenas de páginas foram o
suficiente para Zafón conquistar o meu respeito e me iniciar na jornada de
livros espanhóis, pois este também foi o primeiro que li. Após Marina, pretendo continuar lendo não
apenas Zafón, mas alguns outros escritores da mesma nacionalidade – e saiba que
estou aberto a sugestões.
Diferentemente
do que imaginei de imediato, Marina
não é narrado em primeira pessoa pela própria. Achei que ela fosse a
protagonista do livro, mas, na verdade, o personagem principal é o Óscar Drai,
um meio adolescente, meio criança. A jornada de mistério e suspense do jovem
rapaz começa quando ele invade uma mansão aparentemente abandonada, perto do
internato onde mora e estuda. Sempre foi cativado por aquele lugar, até ter
coragem de pular o enorme portão enegrecido e perambular pela casa às escuras,
fugindo de lá com um objeto muito valioso em mãos. Mas calma, ele não o roubou:
tudo não passa de um grande engano. Assustado, fugiu de lá com um relógio de
ouro parado, marcando sempre às 6h23.
É a partir desse
episódio que Óscar conhece Marina, uma jovem cativante e bastante inteligente.
Instantaneamente, os dois se tornam amigos, compartilhando histórias e segredos
nada estarrecedores. À procura de uma aventura para dar mais emoção às suas
vidas, ambos embarcam na história da dama de negro, conhecida de Marina já há
algum tempo.
A história é a
seguinte: no cemitério de Sarriá, sempre no último domingo do mês, uma mulher
vestida de negro aparece para depositar uma rosa vermelha em uma lápide. Ninguém
sabe quem está enterrado ali – inclusive, o nome do morto não está sequer nos
registros do cemitério. A mulher nunca mostra o rosto e nunca fala com ninguém:
simplesmente aparece, deixa a rosa e vai embora, sem nem mesmo desviar o olhar
para outro lugar. Instigados com o segredo de quem jaz ali e por que a dama é
tão misteriosa, ambos decidem investigar sua vida até se verem perdidos em uma
rede incessante de crimes, mistérios aparentemente sobrenaturais e mortes
estranhas. Tudo está conectado de alguma forma, e os dois não estão dispostos a
deixar a história passar em vão.
Para tal,
percorrem a Barcelona dos anos 1980 em busca de pistas que possam ajudá-los a
reconstruir o passado de cada um dos envolvidos na história, mesmo os que já
morreram. As respostas parecem estar perdidas no passado, e é lá que eles
remexem incessantemente – mesmo quando suas vidas são postas em riscos por
aqueles que não querem deixar a verdade vir à tona. Recheado de escândalos e
suspense, Marina cativa o leitor
pelos seus personagens interessantes e pelo suspense cultivado a cada virada de
página, cada capítulo acabado. O enredo, embora pequeno, requer uma certa
atenção do leitor, pois os detalhes fazem a diferença na história. Eles são os
responsáveis por revelar os segredos – prestando bastante atenção, dá para
saber de antemão uma parte do final, o que pode incomodar um pouco. Mas, apesar
disso, não é previsível na maioria dos pontos. Alguns pequenos deslizes do
autor que não interferem em demasia no desenvolvimento da obra.
Marina
é para ser lido e apreciado aos poucos, como um bom vinho. Os mistérios instigam
aqueles mais curiosos a continuarem lendo – no fundo, todo leitor voraz é,
antes de tudo, um curioso. Vale a pena acompanhar a história e desvendá-la sob
os olhos do Óscar, aproveitando para se perder um pouco na leitura. Não é
apenas um suspense, mas uma mescla de vários elementos, que vão desde o bom e
velho terror ao romance sucinto e discreto, dando passadas inteligentes por
tiradas para lá de interessantes. Se estiver na dúvida entre lê-lo ou não, acho
que, após tantos elogios, não preciso mais dizer que sim com todas as letras.
Caso já o tenha lido e se decepcionado, talvez você não se encaixe na forma de
escrever do Zafón. Se isso já tiver
ocorrido, recomendo-lhe que leia outra obra do autor. É sempre bom cultivar a
esperança de que o próximo será melhor – mesmo que ele necessariamente não
seja.
Ahhhhhhhhhhh, sou doida pra ler Marina! E todos os livros do zafón. Já li a sombra do vento, o jogo do anjo e o prisioneiro do céu. Todos PERFEITOS. Embora a sombra do vento seja o melhor de todos. Pela sua resenha, Marina tem bem o estilo do zafón mesmo. Os elementos de mistério, essa coisa que você não sabe decifrar qual o gênero do livro, porque tem de tudo um pouco... A escrita do zafón é fascinante, assim como as histórias que ele escreve. Sou fã de carteirinha. Depois que li zafón, sou doida pra visitar barcelona.
ResponderExcluirEu vibro sempre que alguém diz que gostou de um livro dele kkk Me empolgo logo!
Adorei sua resenha. Amei, na verdade. Você expressou divinamente bem como é ler zafón, como ele envolve o leitor, mesmo com coisas simples. E como ele consegue prender a gente e parece que nem se esforça pra isso. Parece natural.
Mar,
http://sonambulismoliterario.blogspot.com.br/