quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Uma Crônica de "Os Instrumentos Mortais"


Todas as Histórias São Verdadeiras

Aviso: Trechos com spoilers são marcados. Sendo assim, mesmo que você não tenha lido a série, uma vez que ignore os trechos marcados, não encontrará revelações importantes sobre o enredo.

O Início:

       Assim como toda boa história de fantasia, em Os Instrumentos Mortais somos levados a uma viagem por um mundo mágico... e fantástico, é claro. Chamado de Idris, esse mundo é há mais de mil anos o lar ancestral dos Caçadores de Sombras, que são uma raça Nephilim, ou seja, filhos de anjos com humanos. Assim como outras criaturas de Idris, os Shadowhunters (nome original) são invisíveis aos humanos comuns; em alguns casos, a aparência deles é distorcida por magia para que assim os mundanos os vejam como pessoas normais. Pessoas que vão aos shows de sua banda favorita, que vibram ao saber que o seu ator preferido foi indicado ao Oscar, ou mesmo que sonham em um dia comprar um belo Lamborghini. Em outras palavras, uma pessoa normal.
       Os Caçadores de Sombras, que além de serem treinados desde pequenos, se fortalecem com marcas desenhadas em seus corpos (sim, como uma espécie de tatuagem mágica), e foi exatamente de um estúdio de tatuagem que Clare teve a ideia inicial de escrever a série.
Como ela mesma já contou certa vez, estava no East Village (bairro de Nova York) com uma amiga quando esta lhe convidou para visitar o estúdio de tatuagem no qual trabalhava. Curiosa para conhecê-lo, a autora aceitou o convite após sua amiga completar dizendo que suas pegadas haviam sido “tatuadas” no teto do lugar. Para a mente de Clare, porém, aquelas não eram simples pegadas em tinta preta.

“Parecia uma batalha fabulosa e sobrenatural que havia sido travada por seres que tinham deixado suas pegadas para trás.”

       No mesmo instante, imagens de uma batalha mágica em um estúdio de tatuagem nova-iorquino e uma sociedade secreta de caçadores de demônios invadiram sua mente, e ela não perdeu tempo em começar a desenvolver um elaborado sistema de marcas que seriam a principal fonte de poder desses seres. Dois anos depois Clare já havia concluído o seu primeiro livro, Cidade dos Ossos, que combina elemento de uma fantasia tradicional, tais como batalhas épicas entre o bem e o mal, monstros tenebrosos e corajosos heróis, a uma visão urbanista moderna. Daí surgiram os Caçadores de Sombras, seres milenares que seguem à risca suas tradições, porém que vivem em uma das cidades mais espetaculares e badaladas do mundo. “Nos contos de fadas, era a misteriosa e sombria floresta nos arredores da cidade que abrigava magia e perigo. Eu queria criar um mundo onde a cidade tivesse se tornado a floresta – onde os espaços urbanos teriam seu próprio encantamento, seu próprio perigo, mistério e uma beleza exótica.”

A Trilogia de Seis:

       Como muitos sabem (quem não souber, vai ficar sabendo agora) a série Os Instrumentos Mortais nasceu como uma trilogia composta pelos livros Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas e Cidade de Vidro. Entretanto, com o passar do tempo e a familiarização da autora com os personagens, a trilogia ganhou mais três volumes (Cidade dos Anjos Caídos, Cidade das Almas Perdidas e Cidade do Fogo Celestial, sendo que este último ainda não foi lançado aqui no Brasil até eu ter concluído essa crônica). Após três livros e 1344 páginas escritas, uma parte da história ainda não tinha sido completamente concluída. E isso tem um motivo.
       Quando estava escrevendo os capítulos finais de Cidade de Vidro, Clare decidiu deixar algumas perguntas no final do livro [spoiler] (a vida amorosa de Simon, onde foi parar o corpo de Sebastian, e a ameaça da Rainha da Corte Seelie etc.) [/spoiler] sem resposta. A ideia era que todas essas perguntas seriam respondidas em um graphic novel que seria lançado em breve, o que acabou não saindo como o esperado. Desse modo, Clare ficou com esse material sem nada para fazer – por si só, ele não era o bastante para gerar um novo livro. Então, enquanto ainda escrevia o primeiro volume de As Peças Infernais, Anjo Mecânico, que tem como protagonistas ancestrais de Clary, Jace e a família Lightwood, ela teve a ideia de criar um novo vilão e novos conflitos que seriam melhor aplicados aos personagens de Os Instrumentos Mortais, mas aparentemente desistiu da ideia quando percebeu o caos que isso traria para a vida de sua ruivinha e dos seus amigos
       Com um ponto de partida definido pela ideia do graphic novel, Clare começou a escrever Cidade dos Anjos Caídos em outubro de 2011. Entretanto, a história parecia não funcionar aos seus olhos. Ela até tentou, mas esticar a história e moldá-la às formas de um novo romance estava se tornando impossível.
Quando estava no México, reunida com vários outros escritores de todo o mundo, Clare começou a discutir sobre os problemas que estava tendo para escrever quando se deu conta de que a história inicial que havia pensando, que seria centrada em Simon até então, era muito maior que o que ela tinha imaginado de início. Tudo havia ganhado outra visão, se tornado mais épico e passaria a envolver todos os personagens dos três primeiros livros. Subitamente, o livro que deveria encerrar a série havia se transformado em três livros, e não apenas um. Tudo do nada. Como se todas as ideias que ela tivera nas últimas semanas tivessem se reunido e decidido se mostrar no momento em que ela sentou na cadeira e abriu a boca para falar.

“A parte divertida foi chamar meu agente e meu editor para explicar: ‘Sabe aquele livro que eu ia escrever? Bem, na verdade, são três livros.’” 

       Após contar para sua editora, a Simon & Schuster, sua nova ideia de escrever mais três livros em vez de apenas um, ela não achou que a proposta seria aceita pela editora. O que acabou não acontecendo, é claro. Mais tarde, em uma transmissão ao vivo na TV, ela anunciou que a trilogia seria agora uma série, composta por mais três livros que seriam lançados em breve e que, apesar de tudo, não perderiam a essência dos primeiros volumes. Desse modo, para a alegria dos fãs, surgiu uma nova trilogia que antes mesmo de existir já estava prevista para figurar na lista de best-sellers do The New York Times.

Idris em Nova York:

       Assim como magia deixa os Caçadores de Sombras e os outros seres do Submundo muitas vezes invisíveis aos olhos humanos, muitos lugares de Nova York também são camuflados para que quem o olhe o veja como um lugar muitas vezes normal; desde uma igreja abandonada há décadas a um simples cemitério de mármore que na verdade é a entrada principal para uma cidade silenciosa e que, literalmente, é feita de ossos. Uma explicação bem convincente para o fato de nós não conseguirmos enxergar os lugares como realmente são, convenhamos.
 
     Em uma linha parecida de explicação, a autora também resolve outros problemas, como o fato de a entrada da Corte Seelie se localizar no subterrâneo de um lago e a Cidade dos Ossos ter como entrada um cemitério de Nova York. Na verdade, a Corte Seelie não se localiza embaixo do lago, e a Cidade dos Ossos também não se localiza no subterrâneo de um cemitério. As entradas que os personagens usam para chegar a esse lugares são apenas Portais, ou seja, o reino das fadas não fica embaixo da cidade; o lago é apenas um dos vários Portais de todo o mundo que levam para a Corte. O mesmo acontece com a maioria dos lugares visitados pelos protagonistas. Esse pequeno detalhe pode causar confusão nos leitores, assim como o fato de os dois mundos, o real e o fantástico, serem sobrepostos. Entretanto, a autora procurou explicar de uma forma clara como funciona Idris, apesar de que ter deixado essa explicação principalmente para o segundo volume talvez não tenha sido uma das melhores escolhas.

“Cidade dos Ossos é uma épica fantasia urbana. Cassandra Clare é um gênio.” – Kelly Link

       Coincidentemente, em Londres, na Inglaterra, também existe uma boate chamada Pandemonium, que é o primeiro cenário da série apresentado. Segundo Clare, os dois clubes não têm nada em comum além do nome. 

Curiosidades:

       Algumas curiosidades a respeito dos nomes dos personagens também merecem um pouco de atenção. Você sabia que o nome de Jace, na verdade, era Will? Isso mesmo! Jace não era Jace desde o início. O nome só foi definido depois de um tempo, e Will, que tinha sido descartado depois disso, acabou voltando (também como um dos protagonistas) na série As Peças Infernais. Maxwell, Isabelle e Alec, os irmãos Lightwood, também têm suas curiosidades. Alec era Alex no início, mas Clare achou que o nome atual do personagem era uma versão mais interessante de Alexander. Quanto a Isabelle e Max, esses são os nomes dos avós de Clare, que acabaram sendo homenageados dessa maneira. Alguns nomes, como Maryse, Robert e Jocelyn entre outros, foram escolhidos a dedos pela autora em um dicionário de nomes para bebês, enquanto Simon e Maia são nomes de amigos Clare. [spoiler] Luke Garroway não fica de fora e também possui uma história por trás de seu nome. A autora o escolheu porque a pronuncia do nome parece com loup-garou que, em francês, significa lobisomem. Caiu como uma luva para Luke, não? [/spoiler]
     Clarissa Fray também já teve várias versões do seu nome, que acabaram se modificando até chegar ao escolhido. Primeiro, Valerie Frayre (dá pra imaginar a Clary com esse nome? o.O). Depois, Clary Frayne – quando Clare descobriu que um dos seus amigos escritores estava escrevendo um romance cuja protagonista era chamada Valerie. Por opção do editor, Clary Frayne transformou-se em Clary Fray que, por sua vez, é apelido de Clarice. Então, finalmente, Clarissa foi escolhido – dessa vez como nome oficial.
      Apesar disso, Clare garante que os personagens principais não são influenciados ou baseados em ninguém que realmente exista. Em seu site oficial, a autora diz que apenas Eric, Kirk e Matt (amigos e parceiros de banda de Simon) têm um toque de seus amigos e amigos de amigos. Eles foram criados apenas para preencher colunas vazias na série, portanto não precisam ser trabalhados. Algumas vezes, ela admite, eles incorporam aspectos de pessoas de sua rede de amigos. O senso de humor de Simon também sofre um pouco de influência do mundo real, e o marido de Clare acha que ela o usou como inspiração, apesar de que a autora nunca confirmou nada. Os dois brincam bastante sobre esse assunto.

O Filme:
       Em 23 de Agosto de 2013, uma versão cinematográfica de Cidade dos Ossos foi lançada no Brasil. O filme, que conta com Lily Collins e Jamie Campbell Bower como protagonistas, teve seus direitos autorais comprados em 2009 e seu orçamento foi estimado em cerca de 60 milhões de dólares. Nos Estados Unidos seu lançamento ocorreu dois dias antes que no Brasil, no dia 21.
    Lily Collins no papel de Clary Fray foi a primeira atriz a ser oficialmente confirmada, em dezembro de 2010. Alex Pettyfer também já havia sido cotado para um papel: ele interpretaria Jace Wayland, mas recusou o convite, deixando, assim, o personagem “órfão”. Apenas meses depois, em Maio do ano seguinte, um novo ator foi confirmado no elenco: Jamie Campbell Bower interpretaria o loiro arrogante e sedutor que conquista rapidamente o coração de Clarissa, filha de Valentin Morgenstern, grande vilão da franquia.
    Alguns meses antes de iniciarem as filmagens, a produção do filme perdeu o diretor Scott Charles Stewart, que optou por abandonar o projeto. A Sony Pictures e a Screem Gems fizeram o mesmo, mas voltaram no mês seguinte – Harald Zwart assumiu a direção e as filmagens iniciaram em agosto de 2012, em Toronto, no Canadá. Após lançado, o filme foi duramente criticado e tornou-se fracasso de bilheteria no país de origem, sendo quase responsável pelo cancelamento do segundo filme da série, Cidade das Cinzas. Este teve as datas de gravação adiadas por alguns meses e, por incentivo dos fãs, ele será produzido e espera-se que seu lançamento ocorra em Dezembro de 2015.

Fontes: www.cassandraclare.com
www.laminaserafim.com.br/
www.galerarecord.com.br

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